Recebíveis como garantia

Sep 1 / Luiz Tangari

Estamos percebendo uma tendência forte nesta reta final da safra 2025-2026:   

Indústrias e sementeiras
estão ampliando o apetite para aumentar limites, recebendo — e mantendo—recebíveis de produtores como garantia.   

Sim, esse tipo de operação já existe há tempo, e acelera na reta final da safra. A diferença, agora, é o volume.   

O que antes era mais comum em sementeiras de soja, em estratégias para servir grandes distribuidoras sob stress ou em pequenos volumes aqui e ali, começa a se espalhar com mais força nas relações entre indústria e distribuição em geral.   

Vejo isso como uma excelente alternativa para as revendas conseguirem segurar mais limite e prazo junto às indústrias. Com o capital tão caro, ampliar o financiamento via indústria deixou de ser só vantagem: virou questão de sobrevivência.   

Para as indústrias, também é muito positivo diversificar o risco da revenda para os produtores — principalmente quando conseguem segregar aqueles com rating A e B, cujo risco é bem menor do que o da própria distribuição.   

As revendas mais preparadas vão investir em formar estoques de recebíveis que possam ser usados como garantia.   

Esses títulos podem ser justamente o que define se a empresa vai conseguir ampliar limite para a safrinha com a indústria ou se vai acabar recorrendo a um capital de giro bancário, com taxa tão alta que corrói toda a margem.   

Para isso, a distribuição precisa fazer sua parte: educar os seus clientes sobre endosso e CPR, ter processos mais firmes de formalização e, principalmente, conseguir explicar com clareza o risco de cada produtor que está por trás desses recebíveis para quem vai aceitá-los como garantia.  

É agora que quem investiu em governança colhe resultado: além de ter uma carteira mais saudável e com menos inadimplência, ainda vai poder reduzir o custo de capital e proteger a margem.